Mulheres empreendedoras: celebrando conquistas e desafios no Dia Internacional da Mulher

No dia 8 de março, é comemorado o Dia Internacional da Mulher, uma data criada em 1917 para destacar a luta pelos direitos das mulheres, representando um marco importante no reconhecimento e fortalecimento do feminismo.

Passando 60 anos, essa data foi oficialmente reconhecida em 1975 durante uma assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas desde a Idade Média, as mulheres lutam para terem seus direitos assegurados e reconhecidos. Ao longo dos anos, alguns desses direitos foram progressivamente incluídos na Constituição, transformando-se em leis.

Como surgiu o Dia das Mulheres

Dentre tantas sugestões para celebrar a luta feminista, a teoria mais aceita é a do incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, em 1911. Dois anos antes do incêndio, as mulheres nova-iorquinas que trabalhavam na fábrica têxtil haviam feito uma greve, reivindicando melhores condições de trabalho e o direito ao voto feminino. Na época, a fábrica recusou as reivindicações.

Protesto na Triangle Shirtwaist Factory em 1910 – Foto: Reprodução

Mesmo diante das greves e manifestações, a empresa mantinha suas funcionárias em uma jornada de trabalho de cerca de 14 horas por dia, ultrapassando 60 horas semanais, sendo remuneradas com 6 a 10 dólares. Além disso, as trabalhadoras também buscavam mais segurança no trabalho, que tinha risco de incêndio por conta dos tecidos inflamáveis.

O incêndio na fábrica Triangle Shirtwaist, em 1911 – Foto: Reprodução

Em 25 de março de 1911, a fábrica pegou fogo, resultando na trágica morte de 146 pessoas, sendo 23 homens e 129 mulheres. Diante dessa fatalidade, o mês de março ficou marcado na história como uma conscientização do desastre.

Porém, em 1910, Clara Zetkin, uma ativista alemã, criou uma data anual — sem um dia definido — para comemorar a luta das mulheres nas conferências de mulheres da Internacional Socialista, em Copenhague.

Clara Zetkin sugeriu a criação do Dia Internacional das Mulheres em 1910

Como surgiu 8 de março?

Durante a Primeira Guerra Mundial, um grupo de mulheres russas começou a questionar suas funções na sociedade, sentindo-se exaustas pela rotina dentro de casa e no trabalho, em uma qualidade de vida subjugada pelo gênero.

Na Rússia, em 1917, milhares de mulheres foram às ruas contra a fome e a guerra; a greve delas foi o pontapé inicial para a revolução russa e também deu origem ao Dia Internacional das Mulheres – Foto: Reprodução

No dia 8 de março de 1917, centenas de mulheres russas se reuniram em uma passeata exigindo direitos para o gênero feminino, o fim da guerra e do desemprego. Com isso, nos anos seguintes, o Dia das Mulheres continuou sendo celebrado nessa mesma data.

Oficialização da ONU

Após a consolidação do voto e a adaptação das leis, a ONU oficialmente reconheceu a data como uma celebração dos direitos das mulheres em 1975, transformando-a no Dia Internacional da Mulher.

Atualmente, o evento é celebrado por mais de 100 países como uma oportunidade de dedicar-se à luta pela igualdade de gênero, celebrar conquistas, reivindicar direitos e homenagear as mulheres que foram vítimas de violência.

Celebrando conquistas e refletindo sobre desafios

Em alusão a este dia, a equipe de jornalismo do Diário Expresso, apresenta a história de três empreendedoras que, diante dos desafios, conseguiram superar seus medos e inseguranças para manterem seus negócios ativos.

Loja Aurora Cristais – Foto: Mirlany Silva/Diário Expresso

A empreendedora Maria do Carmo, de 32 anos, fundou a loja Aurora Cristais em 17 de novembro de 2019, de forma online, através de uma necessidade, após ficar desempregada, contando com o apoio e incentivo de seu pai.

“Foi um presente que me foi dado. Comecei a estudar, saber a energia das pedras, entender como as pessoas usavam as pedras, por que que as pessoas gostavam e o valor daquilo”, compartilhou Maria.

As pedras naturais que a loja oferece – Foto: Mirlany Silva/Diário Expresso

A loja oferece uma ampla variedade de produtos, desde pedras naturais, acessórios, bijuterias e semijóias, até decorações, incensos naturais, aromatizadores e iluminarias de pedras.

Ampla variedade de produtos da loja Aurora Cristais – Foto: Mirlany Silva/Diário Expresso

Como mulher e empresária, do Carmo também fala sobre suas dificuldades e desafios ao conciliar sua rotina pessoal com as demandas da empresa.

“É muito desafiador ser uma mulher empreendedora, mulher mãe, mulher na região norte. São muitos desafios. E, o meu maior desafio é cumprir todas as tarefas exigidas pela sociedade e consolidar as coisas da empresa”, explica.

Produtos ecológicos e sustentáveis da loja Mãe da Mata – Foto: Mirlany Silva/Diário Expresso

Já a engenheira florestal e ativista socioambiental Iwlly Cavalcante, de 29 anos, é proprietária da loja de consumo consciente Mãe da Mata. Sua inspiração para criar a loja veio do universo em que já vivia como ativista ambiental, buscando proporcionar às pessoas o consumo consciente para reduzir o impacto no planeta.

“Eu queria que mais mulheres acreanas pudessem tá consumindo e tá conhecendo esse tipo de produto, que gera mais bem estar e mais qualidade de vida”, explica Iwlly.

Iwlly Cavalcante, proprietária da loja Mãe da Mata – Foto: Mirlany Silva/Diário Expresso

A Mãe da Mata é uma loja totalmente acreana e pioneira no estado, sendo a primeira empresa a trabalhar com produtos ecológicos e sustentáveis. Seu diferencial está na base ESG, que significa Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança).

Em reconhecimento a essa iniciativa, em 2023, Iwlly recebeu um prêmio de inclusão produtiva pela Companhia de Bebidas das Américas (Ambev), tornando-se a 5ª empresa do país e a única no estado do Acre e na região Norte a ser selecionada para essa premiação.

Loja Aquiri Ateliê de Cerâmica – Foto: Mirlany Silva/Diário Expresso

A advogada e empreendedora Gecileide Lins, de 52 anos, criou o Ateliê de Cerâmica durante a pandemia, buscando uma mudança profissional e algo mais significativo em sua vida.

Em busca de aprendizados e querer se fazer entender, ela buscou assistir às aulas online. Em 2021, o Ateliê de Cerâmica nasceu com a proposta inovadora de ser uma escola, tornando-se o único ateliê da cidade com esse formato.

Gecileide Lins, proprietária da loja Aquiri Ateliê de Cerâmica – Foto: Mirlany Silva/Diário Expresso

“Eu precisava repassar todo aquele meu ensinamento para outras pessoas, eu não podia ficar sozinha”, explica Lins.

Com o crescente interesse e desejo das pessoas por peças únicas, o ateliê expandiu-se, transformando-se em uma loja chamada Aquiri Ateliê de Cerâmica.

Peças de cerâmica da loja – Foto: Mirlany Silva/Diário Expresso

Para ela, embora “a cerâmica seja algo que se destaque por conta do pessoal, do intransferível, do toque do ser humano”, trabalhar nesse ramo ainda enfrenta discriminação.

“É muito difícil encontrar pessoas que abracem o projeto junto com você, principalmente na minha área”, destaca.

Produtos de cerâmica feito de forma manual – Foto: Mirlany Silva/Diário Expresso

Como forma de incentivar todas as empreendedoras que estão entrando agora no mercado de trabalho ou que pensam em começar a empreender, Iwlly Cavalcante aconselha a todas as mulheres a se visualizarem de forma grande, buscando sempre solucionar os problemas e não parar quando elas chegam.

“É importante lembrar que é possível, outras pessoas conseguem e cada desafio é individual. Não desista, seja mais forte que a sua própria mente, que muitas vezes nega a nossa realidade, de quem a gente é”, conclui.

Surgimento da loja colaborativa

Em 2023, durante a Feira da Mulher, despertou um interesse mútuo entre alguns empreendedores em compartilhar um espaço de vendas, impulsionados pela ideia de que “um produto complementa o outro”.

Antes desse desejo se materializar e das especulações surgirem, esses empreendedores já haviam participado de diversas feiras, como o Circuito Universo 68, Fundo de Quintal, Feira da Mulher (dedicada ao Dia da Mulher), Elas Fazem Acontecer, Feira da Mamãe, entre outras.

Inauguração da loja Empório e Arte – Foto: Reprodução

Na última quinta-feira, 7, foi inaugurada a Empório e Arte, uma loja colaborativa com espaço próprio no Via Verde Shopping, em Rio Branco. Atualmente, a loja abriga 14 marcas, com 12 empreendedores, sendo 3 homens.

Além das marcas já mencionadas, o espaço conta com outras 11, incluindo La Cecí, Pazetto Aromas, Acre Facas, Hi Frida, Ve-laluz, Stella e Co., Jalapeno, Galvez Esporte Clube, Casinha Mimosa, Ideal Laser e Lu Pacheco Tupperware.

Loja Empório e Arte no Via Verde Shopping – Foto: Mirlany Silva/Diário Expresso

A loja está localizada no shopping de Rio Branco, próxima à entrada B, em frente à loja da Cacau Show, ao lado da Polo Wear.