A ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, divulgada nesta terça-feira, 6, reforçou que a autoridade monetária não “hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”.
“O cenário marcado por projeções mais elevadas e mais riscos para a alta da inflação é desafiador, e o comitê avalia que o desenrolar do cenário será particularmente importante para definir os próximos passos de política monetária”, diz trecho do documento.
O comitê defendeu que a manutenção da Selic em 10,50% ao ano, de maneira unânime, na semana passada, é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta, de 3% em 2024. Segundo o Copom, a melhor estratégia é manter a taxa de juros por um tempo suficientemente longo, para levar a inflação à meta.
O BC indicou que a projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no cenário de referência para 2024, está em 4,2% e, para 2025, em 3,6%. No comunicado e na ata, a autoridade monetária não indica qual será o ritmo de corte de juros na próxima reunião, marcada para 17 e 18 de setembro.
A avaliação é que a política monetária se manterá contracionista por tempo suficiente em patamar que não só consolide o processo desinflacionário como também a ancoragem das expectativas.
“O comitê, unanimemente, optou por manter a taxa de juros inalterada, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam acompanhamento diligente e ainda maior cautela”, diz o documento.
O Copom destacou que os riscos para o cenário inflacionário são a desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; a maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado; e a conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário. Nesse caso, foi citado como exemplo uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada — o que tem ocorrido no Brasil.
A ata pontua que, sem prejudicar o objetivo de assegurar a estabilidade de preços, a decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.
A ata reitera que o comitê se manterá vigilante e eventuais ajustes futuros na taxa de juros “serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
O colegiado ainda destaca que a conjuntura atual tem um processo desinflacionário que tende a ser mais lento, com a ampliação da desancoragem das expectativas de inflação e um cenário global desafiador. Essa conjuntura demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.
As informações são do Estadão.