Policial penal é condenado pela morte de jovem na Expoacre 2023; família diz que decisão foi resposta de Deus

O policial penal Raimundo Nonato Veloso da Silva foi condenado nesta quinta-feira (18), em Rio Branco, pela morte de Wesley Santos da Silva, ocorrida na última noite da Expoacre 2023. O julgamento durou dois dias, contou com o depoimento de 19 testemunhas e terminou com a sentença de mais de 19 anos de prisão em regime fechado, além da perda do cargo público.

A pena foi distribuída da seguinte forma:

  • 15 anos de reclusão por homicídio qualificado;
  • 2 anos por importunação sexual;
  • 2 anos, 8 meses e 15 dias por lesão corporal grave contra Rita de Cássia, namorada da vítima.

A defesa informou que vai recorrer da decisão.

Dor e fé: família fala após condenação

A mãe de Wesley, Iza Souza, declarou que a família confiou em Deus durante os dois anos de espera pelo julgamento.

“A gente não aceitava menos que isso, porque o Raimundo Nonato tinha o melhor advogado, mas o nosso advogado era aquele lá de cima. Desde a minha primeira entrevista eu falei que aqui se faz, aqui se paga. Eu não estava ameaçando ele, eu estava dizendo que Deus ia cobrar dele, e Deus cobrou”, disse emocionada.

Ela lembrou que Wesley era trabalhador e mantinha três empregos:

“Deus viu o nosso choro, foram dois anos de muito sofrimento. Esperávamos todos os dias ele chegar do trabalho às 5 da tarde, mas ele nunca chegou. Então, não seria justo inocentar Raimundo Nonato.”

Os familiares acompanharam o júri vestindo camisetas com a foto de Wesley e a frase “queremos justiça”.

O pai do jovem, Rivaldo Jaime, também se emocionou antes da audiência.

“Um rapaz super educado, nunca deu trabalho para ninguém. São dois anos de muita dor, mas confiamos em Deus e acreditávamos na justiça”, relatou.

Versões apresentadas

A defesa de Raimundo Nonato sustenta que ele agiu em legítima defesa.

“Ele sempre manteve a mesma versão. Agiu em estado de sobrevivência. Se não tivesse usado a arma, não estaria vivo para ser julgado hoje”, afirmou o advogado Wellington Silva.

Já a advogada da família da vítima, Gicielle Rodrigues, rejeita a tese da defesa.

“Ele assediou Rita, não aceitou o ‘não’ e, quando ela reagiu, ele ficou com raiva e, de forma vil, atentou contra a vida de Wesley e contra a dela. O que houve foi assassinato, não legítima defesa.”

Relembre o caso

Na madrugada de 8 de agosto de 2023, Wesley comemorava o aniversário de 20 anos com a namorada e amigos no Parque de Exposições Wildy Viana, quando houve uma confusão. Ele foi baleado e não resistiu aos ferimentos. Rita de Cássia também foi atingida, mas sobreviveu.

Em outubro de 2023, o Ministério Público denunciou Raimundo Nonato, que virou réu no processo. Em agosto de 2024, ele foi pronunciado a júri popular. Desde então, permanecia preso preventivamente.