“Nunca ficava sem dar notícias”, diz irmã de peão desaparecido há dois meses no Acre

Viviane da Silva Freitas, irmã de Mizael da Silva Freitas, 29 anos, relatou que o peão desaparecido em Feijó, interior do Acre, nunca deixava de entrar em contato com a família, mesmo quando passava longos períodos trabalhando em seringais. O último contato dele foi no fim de junho, e desde então, não houve mais notícias.

Mizael trabalhava há cerca de dois anos no Seringal do Nazaré. Ele costumava passar meses no local, mas sempre encontrava um jeito de se comunicar com os pais. “Ele nunca ficava sem dar notícia. Não tinha celular, mas sempre ligava. No mês de julho inteiro, ele não ligou, e aí começamos a ficar preocupados”, contou Viviane.

Na última quinta-feira (18), a Polícia Civil prendeu quatro pessoas suspeitas de envolvimento no desaparecimento de Mizael. Para os investigadores, ele foi executado.

Desaparecimento e buscas

Diante da falta de notícias, a família entrou em contato com o dono do seringal onde Mizael trabalhava. Ele chegou a afirmar que o peão poderia ter seguido viagem com alguns conhecidos, já que havia sido visto conversando com homens na beira do rio. Em agosto, o próprio patrão foi à casa da família perguntar se Mizael havia retornado, o que aumentou ainda mais a angústia dos parentes.

Mesmo com buscas e divulgação de fotos em jornais, rádios e redes sociais, nenhuma informação concreta surgiu. “Algumas pessoas diziam que tinham visto ele com índios, mas era tudo mentira. Aí resolvemos procurar a polícia”, relembra Viviane.

Trabalhador e religioso

A irmã destaca que Mizael era muito trabalhador e ajudava no que podia. “Ele nunca fez mal a ninguém, só o bem. Muitas vezes deixava de comer para ajudar os outros”, afirmou emocionada.

Segundo Viviane, o irmão chegou a ser ativo na igreja evangélica, onde pregava e tocava, mas em determinado momento se afastou e passou a conviver com pessoas ligadas ao consumo de álcool e drogas. Ainda assim, a família não acredita que dívidas tenham motivado seu desaparecimento.

Dor e esperança

Viviane desabafa que a família está profundamente abalada. “Só Deus está nos dando força. Não é só pela morte, é pela forma como tudo aconteceu. Nada justifica tirar a vida dele. Tiraram um pedaço de nós, mas ele sempre será lembrado com amor e carinho”, disse.