Apontado como mandante de chacina tem recurso negado e deve ir a júri no Acre

Wellington Costa Batista, conhecido como Nego Bala e apontado pelo Ministério Público como mandante da chacina ocorrida no bairro Taquari, em 2023, teve o recurso negado e será levado a julgamento pelo Tribunal do Júri. A decisão, publicada pela Câmara Criminal de Rio Branco, não informa a data do julgamento.

Seis pessoas foram assassinadas em uma residência na Rua Morada do Sol, no Taquari, em 3 de novembro de 2023. Segundo o processo, Wellington teria ordenado a ação mesmo estando preso no Ceará, utilizando um aplicativo de mensagens e ligações para se comunicar com os comparsas.

A Justiça destacou que a decisão de pronúncia não se baseou apenas no depoimento de um adolescente apreendido durante as investigações, mas também em outros elementos reunidos nos autos. O processo reforça ainda que o acusado ocupa posição de liderança dentro da facção criminosa Comando Vermelho.

A defesa do réu foi procurada, mas ainda não retornou.


Investigações

As investigações da Polícia Civil apontam que o nome de Wellington surgiu após a apreensão de um adolescente ligado a uma facção criminosa. Ele foi detido com uma arma furtada de um policial civil cerca de uma semana antes da chacina.

O jovem e outros integrantes exibiam a arma furtada nas redes sociais, o que levou equipes da Delegacia de Combate a Roubos e Extorsões (Dcore) até o grupo. O adolescente foi apreendido e, segundo o processo, após orientação do pai, revelou detalhes sobre a chacina e entregou seu celular.

No aparelho, os policiais encontraram conversas e registros que indicavam que ele tinha conhecimento prévio da ação e que Wellington, identificado na facção como “Nego Bala”, teria sido o “mentor intelectual”, mesmo à distância. Um dos depoimentos relata que o grupo atuava no Taquari e recebia ordens via aplicativo de mensagens.

No dia em que foi preso, Wellington teria quebrado o próprio celular ao perceber a chegada dos policiais. Segundo o relato, mais de dez aparelhos destruídos foram encontrados no local.


A chacina

A chacina deixou seis mortos e um ferido. Quando a polícia chegou ao local, moradores evitaram dar informações, mas os agentes encontraram um jovem de 18 anos sendo atendido pelo Samu após ser baleado.

A Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) informou que o massacre foi motivado pela guerra entre facções que disputam território na capital. O coordenador da DHPP, delegado Alcino Júnior, acrescentou que uma das vítimas era parente de um detento morto durante a rebelião registrada no presídio Antônio Amaro, em julho de 2023.

Vítimas da chacina:

  • Valdei das Graças Batista dos Santos, 31 anos
  • Adegilson Ferreira da Silva, 38 anos
  • Luan dos Santos de Oliveira, 18 anos
  • Sebastião Ytalo Nascimento de Carvalho, 18 anos
  • Tailan Dias da Silva, 17 anos

Acusados que sobreviveram à ação:

  • Davidesson da Silva Oliveira, “Escopetinha”
  • Denilson Araújo da Silva, “Jabá”
  • Tony da Costa Matos, “Tony Barroca”
  • José Weverton Nascimento da Rosa, “Raridade”
  • Ronivaldo da Silva Gomes, “Roni”

Em janeiro de 2024, pouco mais de dois meses após o crime, a Justiça recebeu a denúncia contra os seis suspeitos. Quatro deles foram ouvidos em audiência de instrução meses depois.

A defesa sustentou no recurso que não há provas suficientes para apontar Wellington como autor intelectual do crime e que o principal depoimento — dado pelo adolescente — teria sido colhido em condições duvidosas e posteriormente negado em juízo. O argumento, porém, foi rejeitado pela Câmara Criminal, que manteve a pronúncia do réu.