Em audiência pública realizada na Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) nesta quinta-feira, 7, foram debatidos os impactos do endividamento familiar causado principalmente pelas apostas online, que têm gerado prejuízos financeiros e psicológicos, especialmente nas regiões mais vulneráveis do país.
O deputado Pedro Longo destacou dados recentes que apontam o Norte do Brasil como a região com maior percentual de endividamento relacionado às apostas online, com 22% da população admitindo dificuldades financeiras devido ao uso dessas plataformas.
“É um percentual muito expressivo. A situação se agrava com a facilidade de créditos consignados, que muitas vezes dificultam o pagamento das dívidas devido às altas taxas de juros embutidas”, afirmou Longo.
Carlos Maia, procurador de Justiça e coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa do Consumidor, ressaltou o impacto psicológico das apostas, que têm levado a casos de depressão e até suicídio. Além disso, Maia destacou como o direcionamento de recursos para apostas afeta o comércio local.
“Quando um cidadão direciona parte de sua renda para apostas, ele deixa de consumir e de prover sua família, impactando o setor comercial que gera muitos empregos”, disse Maia.
A crescente presença das apostas online nas mídias digitais também foi tema do encontro. Longo ressaltou que, apesar da recente regulamentação das apostas esportivas no Brasil, ainda existem plataformas hospedadas no exterior, sem qualquer controle, que estão acessíveis até para jovens e crianças.
“Temos visto casos graves de depressão e tentativas de suicídio relacionados ao comprometimento financeiro excessivo com as apostas”, relatou o deputado.
Estudos recentes apontam que recursos do programa Bolsa Família também têm sido direcionados a plataformas de apostas, gerando preocupações sobre o uso de benefícios sociais em atividades que colocam em risco a segurança financeira das famílias mais vulneráveis. Em agosto, o Banco Central identificou que 5 milhões de beneficiários do Bolsa Família destinaram cerca de R$ 3 bilhões para essas plataformas, sendo que 70% dos apostadores são chefes de família.