“Estamos cansadas de audiências e promessas!” – Mães atípicas protestam por direitos e atendimento digno

Nesta quinta-feira (3), dezenas de mães atípicas se reuniram em frente à Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) e ao Palácio Rio Branco para protestar contra a falta de assistência do poder público e promessas não cumpridas. Vestidas de preto, elas simbolizaram o luto pela negligência e a luta por melhores condições de atendimento para crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras necessidades especiais.

A ativista e mãe atípica Saana Monteiro destacou a angústia das famílias que dependem dos serviços públicos para garantir o bem-estar de seus filhos. “Estamos cansadas de audiências públicas e sessões solenes. Todo mês de abril surgem projetos, mas, no restante do ano, estamos abandonadas. Nossas crianças continuam sem terapias, sem escola, sem neuropediatra e sem diagnóstico precoce. O Estado nem sequer tem um censo para saber quantas famílias atípicas existem e quais são suas reais necessidades”, desabafou.

As mães denunciam a demora excessiva para consultas e tratamentos especializados, prejudicando o desenvolvimento das crianças e afetando a saúde mental das cuidadoras. “Há mães esperando atendimento há três ou quatro anos. Algumas sequer conseguiram passar pela primeira consulta. Essa espera prolongada leva muitas ao adoecimento psicológico, com pensamentos suicidas, pois não têm a rede de apoio necessária. Estamos aqui para exigir nossos direitos. Não queremos mais promessas, queremos ações!”, afirmou Saana.

O protesto teve como alvo tanto o governo estadual quanto a Prefeitura de Rio Branco. Segundo as manifestantes, algumas políticas públicas foram criadas, mas não saíram do papel. “Existe um projeto de lei para garantir vagas exclusivas para crianças autistas nas creches municipais, mas ele ainda não foi sancionado. Precisamos de medidas efetivas, não apenas de projetos engavetados”, destacou a ativista.

Outro grande problema enfrentado pelas famílias é a falta de profissionais especializados e estrutura adequada. “Uma mãe consegue uma consulta com o neuropediatra e recebe a receita do medicamento para o filho. Mas, quando precisa renovar, precisa de uma nova consulta, que pode demorar até dois anos! Muitas acabam automedicando os filhos por falta de alternativa. Isso não pode continuar assim”, alertou Saana.

As mães atípicas garantem que continuarão mobilizadas até que seus filhos recebam a atenção e os cuidados que merecem.