Um esquema de venda de atestados médicos falsos em Salvador tem levado trabalhadores a serem demitidos por justa causa. Recentemente, dois casos vieram à tona e revelam como o golpe tem funcionado.
No primeiro, um professor foi afastado após apresentar um atestado informando que estava com dengue. O documento, supostamente emitido por um Pronto de Atendimento em Salvador, era falso. O homem não passou pelo local, nem estava doente. Ele pagou R$ 100 por esse atestado.
Em outro caso, uma ex-funcionária de uma doceria no bairro da Graça, que estava grávida na época, apresentou sete atestados médicos. Seis deles eram falsos. Mesmo assim, ela entrou com ação na Justiça contra a demissão, mas perdeu na segunda instância do Tribunal Regional do Trabalho da Bahia (TRT-BA), que manteve a justa causa.
Esses casos estão ligados a um esquema que funciona por aplicativos de mensagens. Os valores cobrados variam: um dia de afastamento custa cerca de R$ 30, enquanto atestados para até 14 dias chegam a R$ 100. Os documentos trazem logotipos da UPA, da Prefeitura de Salvador e do SUS, e até assinaturas de médicos reais são falsificadas para parecerem legítimos.
A advogada Juliana Costa Pinto, especialista em Direito do Trabalho, alerta que falsificar ou usar atestado falso é crime, e quem for flagrado pode ser demitido por justa causa. Segundo ela, há indícios de que funcionários de unidades de saúde possam estar envolvidos no esquema. Em 2023, ela foi procurada por uma escola em Salvador que suspeitava da veracidade de documentos entregues por um dos seus funcionários.