Três meses após o grave acidente de trânsito que matou três trabalhadores da empresa Estação VIP em Rio Branco, familiares das vítimas e a única sobrevivente, Raiane Xavier, realizaram um protesto nesta segunda-feira (21) para cobrar respostas das autoridades responsáveis pela investigação.
O grupo se reuniu em frente à 1ª Delegacia Regional da Polícia Civil, na região da Baixada da Sobral. Eles pedem agilidade na apuração do caso, que ainda está sem conclusão. O acidente aconteceu no dia 17 de abril, na Via Verde. Na ocasião, os trabalhadores Márcio da Silva, Carpegiane Lopes e Fábio Farias, além da autônoma Raiane Xavier, foram atropelados por uma caminhonete conduzida por Talysson Duarte.

Márcio morreu no local. Carpegiane faleceu três dias depois, enquanto estava internado na UTI do Pronto-Socorro. Fábio veio a óbito no dia 22 de maio. Já Raiane, apesar dos ferimentos, teve alta no mesmo dia do acidente, mas ainda sofre com as consequências físicas e emocionais.
A professora Katiane de Freitas, irmã de Carpegiane, disse que a demora na conclusão das investigações gera revolta entre os familiares. Segundo ela, a falta de informações aumenta o sentimento de injustiça.
“Já fazem três meses e esse caso está muito lento. A gente quer saber por que tanta demora. Será que esse homem está sendo protegido por alguém? Foram três vidas, trabalhadores. O Márcio morreu na hora. E o motorista da caminhonete foi liberado pela PRF, sem prestar assistência às famílias”, afirmou Katiane.
Raiane Xavier relembrou que, no dia do acidente, saiu de casa apenas para deixar o filho na escola e resolver assuntos pessoais. Ela afirma que ainda sente dores e que suas lesões deixarão sequelas permanentes. Além disso, criticou a postura do motorista envolvido, que não teria prestado nenhum tipo de socorro às vítimas.
“Minha lesão foi muito grave, ainda estou com curativo. A recuperação tem sido difícil, emocionalmente e fisicamente. Estamos aqui porque não tivemos nenhuma resposta até agora. Já aconteceram outros acidentes e resolveram, e o nosso caso não”, desabafou Raiane.
Essa não foi a primeira manifestação organizada pelos familiares das vítimas. No dia 1º de maio, amigos e parentes de Márcio e Carpegiane protestaram na entrada da Ponte Metálica Juscelino Kubitschek, pedindo justiça. No dia 30 de maio, mais uma manifestação foi realizada, dessa vez em frente à sede do Ministério Público do Acre (MP-AC), com o mesmo objetivo: cobrar punição para o condutor envolvido no acidente.
Durante esse último ato, os manifestantes também criticaram um laudo da Polícia Rodoviária Federal (PRF-AC), que levantou a possibilidade de troca de condutor entre as vítimas em uma das motocicletas envolvidas.
O delegado Karlesso Nespoli, responsável pela investigação, informou que o inquérito está na fase final. Segundo ele, todas as testemunhas já foram ouvidas e vários laudos periciais foram concluídos. O que falta é o laudo técnico do local do acidente, que vai indicar, entre outras coisas, a velocidade da caminhonete no momento da colisão.
“Todas as pessoas envolvidas já foram ouvidas e vários laudos periciais foram concluídos. O que falta é o laudo técnico de local, que vai permitir identificar, por exemplo, se o condutor estava em alta velocidade. Solicitamos apoio da perícia de São Paulo, que está analisando imagens e medidas para isso”, explicou o delegado.
O material foi enviado à Polícia Científica de São Paulo, que fará a reconstituição do acidente e determinará a velocidade dos veículos envolvidos. Ainda de acordo com a Polícia Civil, caso fique comprovado que o motorista trafegava acima de 50% do limite permitido na via, a punição poderá ser aumentada.