Suspeito de matar ex a facada alega “problema de memória” em depoimento

O idoso Raimundo Prudêncio da Silva, de 61 anos, preso em flagrante pelo assassinato da ex-mulher, Maria José de Oliveira, de 51 anos, em Cruzeiro do Sul, afirmou em depoimento que não se lembra do crime. Maria José foi morta com uma facada no tórax na manhã da última terça-feira (23), no bairro Cruzeirão.

O caso é investigado pela Delegacia de Atendimento à Mulher e Proteção à Criança e ao Adolescente (Dempca). Segundo o delegado Vinícius Almeida, o suspeito alegou perda de memória.

“Ele disse que não se lembrava de ter esfaqueado a vítima, alegou problema de memória, que sempre foi um bom pai e marido, e negou as agressões relatadas pela ex-companheira e pelos filhos”, relatou o delegado.

Apesar da versão apresentada, testemunhas afirmaram que, logo após o crime, o homem apresentou comportamento frio e debochado, chegando a rir da situação mesmo com as roupas manchadas de sangue.

Histórico de violência e abuso

O delegado informou ainda que Raimundo já havia sido denunciado por estupro de duas filhas, quando elas tinham entre 10 e 12 anos. O caso chegou ao Ministério Público do Acre (MP-AC), que pediu a prisão preventiva do suspeito. No entanto, a Justiça negou o pedido por entender que, em razão do tempo decorrido dos abusos relatados, ele não representava risco imediato. Na ocasião, foi concedida apenas uma medida protetiva em favor de Maria José.

Segundo a polícia, a vítima e os filhos viviam escondidos por medo da violência física e psicológica praticada pelo suspeito. Maria José também o acusava de estupro e agressões constantes.

Feminicídio diante dos filhos

De acordo com o delegado, o feminicídio ocorreu na frente de três filhos menores de idade, de 8, 10 e 12 anos, além de dois filhos adultos que estavam no local e conseguiram conter o agressor até a chegada da Polícia Militar.

O Samu foi acionado, mas a vítima morreu ainda no local. O corpo foi removido pelo Instituto Médico Legal (IML).

O comandante do 5° Batalhão da Polícia Militar, tenente Tales Rafael, confirmou que Maria José tinha uma medida protetiva contra Raimundo.

Denúncias de violência

A Polícia Militar do Acre orienta que casos de violência contra a mulher sejam denunciados. Confira os canais:

  • Telefones da PM do Acre: (68) 99609-3901, (68) 99611-3224, (68) 99610-4372, (68) 99614-2935
  • Polícia Militar – 190 (em risco imediato)
  • Samu – 192 (emergências)
  • Delegacias especializadas ou qualquer delegacia de polícia
  • Secretaria de Estado da Mulher (Semulher): (68) 99930-0420 | Travessa João XXIII, 1137, Village Wilde Maciel
  • Disque 100 – denúncias anônimas de violações de direitos humanos
  • WhatsApp do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos: (61) 99656-5008
  • Videochamada em Libras (para pessoas surdas)

Profissionais de saúde também devem notificar compulsoriamente suspeitas de violência, encaminhando os casos aos conselhos tutelares e à polícia.