Moradores de diversos bairros de Rio Branco enfrentam, há mais de nove dias, a falta de abastecimento regular de água. O problema, recorrente na cidade, foi agravado neste mês por conta da alta turbidez do Rio Acre, causada pelo acúmulo de barro e sedimentos após fortes chuvas.
Segundo o diretor-presidente do Serviço de Água e Esgoto de Rio Branco (Saerb), Enoque Pereira, a situação está crítica desde o dia 10 de outubro. “A turbidez está acima de 1.000 e chegou a ultrapassar 2.000 por três dias seguidos. Nossas estações não foram projetadas para tratar lama, mas sim água”, explicou.
Com isso, as Estações de Tratamento de Água ETA 1 e ETA 2 precisaram reduzir drasticamente a vazão para garantir a qualidade da água fornecida. “Produzimos 1.600 litros por segundo normalmente, mas tivemos que reduzir. Se mantivermos a vazão, a água chega suja às casas. E não vamos distribuir água sem qualidade”, afirmou o diretor.
Enoque destacou ainda que a cidade sofre com desperdício de quase 50% da água produzida. “Se a população adotasse um consumo mais consciente, poderíamos economizar 300 litros por segundo e atender toda a demanda”, alertou.
Impacto ambiental e estrutura deficiente
A gravidade do problema é agravada pela degradação ambiental. O coordenador da Defesa Civil Municipal, Tenente-Coronel Cláudio Falcão, apontou o desmatamento das matas ciliares como uma das principais causas da alta turbidez. “Com as oscilações frequentes do nível do Rio Acre, os sedimentos das margens acabam sendo arrastados para dentro do leito, deixando a água mais turva”, explicou.
Ele ressaltou que o terreno amazônico, por ser pouco rochoso, facilita o carreamento de impurezas. “Nem sempre a volta das chuvas melhora a qualidade da água. Precisamos de estabilidade no nível do rio para garantir um tratamento eficaz”, disse.
Previsão e medidas emergenciais
Apesar do cenário desafiador, o Saerb acredita que a situação pode começar a se normalizar com a estabilização do tempo. “Eu lamento muito, mas dependemos da natureza. Isso ocorre todos os anos, geralmente dura três dias, mas agora já estamos no nono dia”, afirmou Enoque.
Alguns bairros são mais afetados do que outros por dependerem exclusivamente de uma das duas estações. “Em certos casos, reduzimos o abastecimento de 24 para 16 horas para atender outras áreas. Quando retomamos o bombeamento, leva tempo até que a água chegue às residências, por conta das cisternas que precisam encher primeiro”, explicou o diretor.
A Prefeitura, o Saerb e a Defesa Civil seguem monitorando a situação e estudam ações para mitigar os efeitos da crise. Falcão finalizou com um alerta: “As consequências do que está acontecendo ao longo do Rio Acre são graves. Precisamos agir agora para reduzir os impactos ambientais e garantir o abastecimento futuro”.
 
				 
															 
								 
															 
								