Pai acorrenta moto de filho a outdoor em protesto e pede justiça por morte em acidente de trânsito

O advogado e árbitro Fábio Santos, pai de Ruan Rhiler Rodrigues Santos — morto em novembro após um acidente de trânsito — acorrentou a motocicleta usada pelo filho no momento da colisão a um outdoor, como forma de protesto e pedido de justiça. A estrutura também destaca a criação do Instituto Ruan Santos, lançado em homenagem ao jovem.

“Sua voz não será silenciada!”, diz a mensagem estampada no painel.

Ruan, de 23 anos, foi atropelado por uma caminhonete conduzida pelo pastor Roberto Coutinho. De acordo com o Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), o veículo seguia no sentido Porto Acre/Rio Branco quando invadiu a contramão e atingiu frontalmente a motocicleta. O jovem, que também atuava como árbitro, morreu ainda no local. Segundo o pai, a moto ficou completamente destruída.

Fábio afirma que a ideia de expor a motocicleta é um alerta sobre as consequências da imprudência no trânsito.
“Essa moto simboliza a imprudência e é um pedido de justiça. Meu filho tinha um sorriso bonito, era cheio de vida, mas teve tudo interrompido pela irresponsabilidade no trânsito. Isso não pode ser silenciado”, desabafou.

O outdoor foi instalado em três pontos: próximo ao Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC), na Cidade da Justiça; na estrada de Porto Acre, no bairro Alto Alegre, onde a moto está acorrentada; e na entrada da Vila do Incra, em Porto Acre.

Após o acidente, Fábio descobriu que a moto do filho havia recebido multa no mesmo dia, devido ao atraso no licenciamento. Ele teve de pagar pátio e guincho para reaver o veículo e utilizá-lo como símbolo da mobilização.

“Quero que as pessoas tenham mais consciência. Quando uma vida é perdida no trânsito, uma família inteira é destruída”, disse.

O advogado também defende mudanças na legislação de trânsito, principalmente em casos em que, segundo ele, o condutor tenta omitir ou distorcer informações durante o processo. O pastor Roberto Coutinho permaneceu no local, prestou socorro e foi conduzido à delegacia, sendo liberado após depoimento.

“A legislação precisa ser mais rígida nesses casos. Se a pessoa mente, tenta burlar o processo, a pena deveria ser maior”, afirmou emocionado.


Instituto Ruan Santos

Buscando transformar a dor em apoio a outras famílias, Fábio criou o Instituto Ruan Santos, que oferecerá assistência gratuita a vítimas de trânsito e seus familiares. As atividades começam em janeiro, com trabalho voluntário de psicólogos, fisioterapeutas, profissionais do direito e apoio com equipamentos como muletas e cadeiras de rodas.

“Vamos prestar assistência integral. Em casos de morte, como a do meu filho, vamos ajudar com caixão, velório e até o sepultamento”, explicou.

O instituto adota o lema “Mão que Guia, Voz que Luta, Vida que Importa”. Ruan deixou uma filha de seis anos, que hoje recebe acompanhamento psicológico para lidar com a perda do pai.

“É um símbolo para que a morte do Ruan não fique impune e para que outras vidas não sejam tiradas”, concluiu Fábio.