Enchente atinge mais de 120 mil pessoas no Acre

A cheia dos rios em todo o Acre tem castigado o estado há mais uma semana. Mesmo com algumas bacias em vazante, algumas cidades, inclusive Rio Branco, ainda estão em alerta devido ao nível do manancial. No caso da capital, já é registrada a segunda maior cheia da história.

Na avaliação dos órgãos de Proteção e Defesa Civil do Estado, este já pode ser considerado o maior desastre ambiental do Acre, devido ao número de cidades atingidas. Das 22 cidades, 19 estão em emergência, o que configura 86% do estado. O número de atingidos, que engloba todos os afetados pela cheia, independente de serem desalojados ou desabrigados, já ultrapassa os 120 mil.

O rio se mantém acima dos 17 metros desde o dia 29 de fevereiro. Desde então, o governo tem se articulado com os demais poderes, municipal e federal, para dar assistência às famílias. Desde o decreto de emergência publicado pelo governador Gladson Cameli e reconhecido pela Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil, já foram liberados mais de R$ 20 milhões em recursos para as ações de assistência aos atingidos pelas enchentes no Acre, tanto na capital quanto no interior do estado.

“Em termos de dimensões, o número de municípios atingidos é o maior desastre já registrado em todo o estado do Acre. Com relação ao município de Rio Branco, é a segunda maior cheia, mas, se for tomar as proporções, é o maior desastre ambiental que nós já tivemos”, destacou o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Charles Santos.

Para a Defesa Civil, tecnicamente, existem os desabrigados, que são as pessoas que precisam sair de suas casas para ir aos abrigos; os desalojados, que saem de casa, mas ficam em casa de amigos ou parentes; e os atingidos, que é qualquer morador que teve sua rotina mudada devido à cheia dos rios.

O momento ainda é de precaução, segundo o comandante. Com as áreas alagadas, há risco de incidentes com rede elétrica, animais que procuram abrigo e também pessoas que acabam se afogando nesses mananciais.

“Estamos num período ainda muito delicado, onde as pessoas têm que tomar conta principalmente da sua vida. Neste momento, não tem espaço para brincadeiras, pois o perigo está ao nosso lado. Animais estarão saindo do seu ambiente normal, procurando segurança, e muitas vezes esse local será nossa residência. Ao entrar e sair de casas atingidas, você não está visualizando onde está pisando e poderá sofrer um incidente”, destacou o coronel.

Ele destaca ainda o deslocamento, que está comprometido, e também o abastecimento de água potável. “É preciso ter o devido cuidado, tanto na gestão de alimentos como de água, ou seja, todo o cuidado é necessário nesse momento, que é extremamente delicado”, pontuou.

Com base nos dados de ocorrências disponibilizado pelo Corpo de Bombeiros Militar do Acre (CBMAC), nas 14 cidades mais críticas há 97 abrigos públicos atendendo 9.954 pessoas desabrigadas. Ainda há 17.480 pessoas desalojadas, ou seja, que foram para casa de familiares ou amigos. Além disso, em Cruzeiro do Sul, 12.000 pessoas foram atingidas pela cheia do Rio Juruá.