Entre janeiro e julho deste ano, foram registrados aproximadamente 205 casos de hepatites virais na capital Rio Branco, com a maioria dos casos sendo de hepatite B. Segundo Vandson Arantes, Coordenador da Área Técnica Municipal de Hepatites Virais, a região Amazônica é endêmica para hepatites B e Delta, apresentando altos índices de registro dessas infecções.
“Temos uma média de 300 casos por ano em Rio Branco. Em 2024, até o momento, foram registrados 205 casos. Nosso objetivo é erradicar as hepatites B e C como problemas de saúde pública até 2030,” destacou Vandson.
A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus, bactérias ou reações a substâncias como álcool e medicamentos. No Brasil, os vírus mais comuns causadores de hepatite são os tipos A, B e C, com o tipo D sendo mais prevalente na região Norte. A hepatite E, por sua vez, é rara no país, sendo mais comum na Ásia e na África.
As hepatites virais são causadas por cinco vírus:
Hepatite A (HAV): Transmitida pela via fecal-oral, associada a água e alimentos contaminados. É geralmente benigna, mas pode ser prevenida por medidas de higiene e saneamento.
Hepatite B (HBV): Pode sobreviver fora do corpo por períodos prolongados e é altamente infecciosa. A transmissão ocorre por contato sexual, vertical (de mãe para filho), e por via parenteral, como o compartilhamento de agulhas, seringas, materiais de manicure e outros. A vacinação é a principal forma de prevenção.
Hepatite C (HCV): Extremamente silenciosa, pode levar a inflamação crônica do fígado. Transmissão semelhante à hepatite B. O tratamento com antirretrovirais de ação direta (DAA) tem altas taxas de cura.
Hepatite D (HDV): Associada à presença do vírus da hepatite B. É a forma mais grave de hepatite viral crônica, com rápido progresso para a cirrose e maior risco de morte. A prevenção é feita através da vacinação contra hepatite B.
Hepatite E (HEV): Transmitida via fecal-oral, principalmente por água contaminada. É geralmente autolimitada, mas pode ser grave em gestantes. Sem tratamento específico, a prevenção é baseada em saneamento e higiene.
Sintomas e importância dos testes rápidos
A ausência de sintomas em muitos casos de hepatite aumenta o risco de evolução para formas crônicas, como cirrose e câncer de fígado. Quando presentes, os sintomas incluem febre, fraqueza, mal-estar, dor abdominal, náusea, vômitos, perda de apetite, urina escura e icterícia (amarelamento da pele e olhos).
“Hepatites virais são muitas vezes descobertas ao acaso. Quando os sintomas aparecem, o quadro pode já estar agravado, com comprometimento do fígado, podendo evoluir para fibrose, cirrose ou carcinoma”, enfatizou Arantes.
Na última sexta-feira, 19, a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), deu início à campanha “Julho Azul e Amarelo” com o objetivo de conscientizar os homens sobre a importância dos cuidados com a saúde. A campanha destaca o Dia Nacional do Homem, celebrado em 15 de julho, e a prevenção das hepatites virais.
“O Julho Amarelo é constituído de um conjunto de atividades de mobilização direcionadas ao enfrentamento das hepatites virais, focando na conscientização, prevenção, assistência, proteção e promoção dos direitos humanos,” explicou Arantes.
Diagnóstico e prevenção
Os testes rápidos para hepatites B e C são cruciais para o diagnóstico precoce, com resultados em cerca de 10 minutos. A realização desses testes, especialmente em pessoas sem sintomas, é fundamental para prevenir complicações graves como cirrose e câncer hepático.
Medidas de prevenção são essenciais para evitar a infecção, como:
– Lavar as mãos frequentemente;
– Cozinhar bem os alimentos;
– Adotar medidas rigorosas de higiene em estabelecimentos;
– Usar preservativos nas relações sexuais;
– Não compartilhar objetos de uso pessoal como lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, materiais de manicure/pedicure, equipamentos para confecção de tatuagens e colocação de piercings e material para uso de drogas (seringas, agulhas e cachimbos).
A Unidade de Referência em Atenção Primária (Urap) da Vila Ivonete disponibilizará, ao longo dos próximos dias, duas salas para a realização de testes rápidos de hepatites e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
Vandson Arantes também destaca que manter a prática de realizar teste rápidos a cada seis meses ou uma vez por ano é fundamental, já que “o diagnóstico precoce permite um tratamento eficaz e previne complicações graves”.