O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que a fome “não é uma coisa natural” e que “ela existe por decisão política” durante um evento do G20 no Rio de Janeiro nesta quarta-feira, 24. O evento, que visa estabelecer uma Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, contou com a participação de dez ministros.
O relatório da ONU, divulgado nesta manhã, revela que cerca de 733,4 milhões de pessoas em todo o mundo passaram fome em 2023 por pelo menos um dia, e cerca de 8,4 milhões de brasileiros ainda enfrentam a fome. Em resposta, Lula reafirmou seu compromisso de campanha de erradicar a insegurança alimentar no Brasil e tirar o país do Mapa da Fome até o fim de seu mandato.
“A fome não é uma coisa natural. Ela existe por decisão política. Por favor, olhem os pobres porque eles são seres humanos, são gente e querem ter oportunidade”, declarou Lula.
O presidente também destacou que, no século XXI, não se pode discutir inteligência artificial “sem considerar a inteligência natural que já temos”. Lula mencionou que a fome tem “gênero e cor”, afirmando que “a fome tem o rosto de uma mulher e a voz de uma criança”.
“Mesmo que elas preparem a maioria das refeições e cultivem boa parte dos alimentos, mulheres e meninas são a maioria das pessoas em situação de fome no mundo”, disse.
Ele disse ainda que o combate à fome depende de decisões políticas. “A fome não resulta apenas de fatores externos, mas decorre sobretudo de escolhas políticas. O que falta é criar condições de acesso aos alimentos”, afirmou Lula. “Tomamos a decisão política de colocarmos os pobres no orçamento (…) Ainda temos mais de 8 milhões de brasileiros nessa situação. Este é um compromisso do meu governo: acabar com a fome, como fizemos em 2014 (…) Meu amigo, diretor-geral da FAO, pode se preparar para anunciar em breve, ainda no meu mandato, que o Brasil saiu novamente do Mapa da Fome”, acrescentou.
O Mapa da Fome da ONU inclui países onde mais de 2,5% da população sofre de subalimentação. O Brasil, que havia saído do Mapa da Fome pelo menos desde 2014, voltou a figurar na lista durante a pandemia.