A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) divulgou recentemente um estudo preventivo que mapeia regiões do Brasil suscetíveis à infestação de novas pragas agrícolas. A pesquisa, que tem foco na fruticultura, destacou três insetos-praga com histórico de causar grandes danos em outros países: a mosca-das-frutas (Bactrocera dorsalis), a mosca-das-frutas-do-mamão (Anastrepha curvicauda) e a traça europeia dos cachos de videira (Lobesia botrana).
Além de apontar as regiões vulneráveis e os períodos em que esses insetos tendem a se proliferar, a pesquisa também avaliou possíveis métodos de controle, como o uso de inseticidas e agentes biológicos. A ideia é criar um plano preventivo que permita aos agricultores se anteciparem a essas ameaças, minimizando os danos.
O pesquisador da Embrapa Acre, Dr. Rodrigo Souza Santos, destacou que o monitoramento constante das plantações é o primeiro passo para um manejo eficiente das pragas. Segundo ele, fatores abióticos, como temperatura e umidade, influenciam diretamente na reprodução dos insetos, especialmente em períodos de mudanças climáticas.
“A mudança no padrão das chuvas e estiagens pode favorecer a reprodução acelerada de certas pragas, como o mandarová-da-mandioca, cujos surtos populacionais na região do Juruá têm se tornado mais frequentes”, afirmou Dr. Rodrigo.
Ele também ressalta que a detecção precoce desses insetos é fundamental para impedir que eles se espalhem para outras regiões e causem prejuízos econômicos severos. No Acre, pragas como o mandarová-da-mandioca e as cigarrinhas-das-pastagens são uma grande preocupação, afetando diretamente a produção de mandioca e a pecuária.
“O mandarová-da-mandioca ataca as folhas da planta, reduzindo sua capacidade fotossintética e comprometendo a produção de raízes. Já as cigarrinhas-das-pastagens sugam a seiva dos pastos, deixando-os amarelados e, em casos graves, podem levar à morte das plantas”, explicou o pesquisador.
Além de monitorar, os pesquisadores Dr. Rodrigo Santos e Dr. Murilo Fazolin, da Embrapa Acre, Ricardo Adaime, da Embrapa Amapá e Neliton Marques da Silva, da Universidade Federal do Amazonas, estão envolvidos na edição de um livro, que abordará pragas emergentes na Amazônia. A obra, prevista para ser lançada em 2025, terá 72 capítulos e destacará os desafios e as soluções para o manejo de pragas na região amazônica.