MICHELLE BOLSONARO ENTRE RADICAIS: Delação de Cid liga ex-primeira-dama a grupo que pedia golpe!

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro fazia parte da ala mais radical que pressionava Jair Bolsonaro a decretar um golpe de Estado, segundo a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid. O sigilo do depoimento foi derrubado nesta quarta-feira (19), após a Procuradoria-Geral da República apresentar denúncia sobre a trama golpista.

De acordo com Cid, após as eleições de 2022, Bolsonaro recebia diversas pessoas no Palácio da Alvorada, divididas em três grupos: conservadores, moderados e radicais. Michelle Bolsonaro estaria entre os radicais, junto com Onyx Lorenzoni, Jorge Seif, Gilson Machado, Magno Malta, Eduardo Bolsonaro e o general Mario Fernandes. Esse grupo defendia que o então presidente desconsiderasse o resultado das urnas e tomasse medidas para se manter no poder.

Os conservadores, por outro lado, aconselhavam Bolsonaro a aceitar a derrota e se posicionar como líder da oposição. Entre eles estavam Flávio Bolsonaro, Bruno Bianco, Ciro Nogueira e o brigadeiro Baptista Júnior. Já os moderados acreditavam que, apesar de não concordarem com o resultado das eleições, qualquer tentativa de reverter a vitória de Lula representaria um golpe armado e instauraria um regime militar prolongado.

Havia ainda um quarto grupo, composto por empresários do agronegócio, políticos como Magno Malta e o próprio Mauro Cid, que sugeriam que Bolsonaro deixasse o país para evitar uma eventual prisão.

A delação também revelou que Bolsonaro insistia na tese de fraude eleitoral e pressionava militares da ativa a encontrar provas que justificassem uma intervenção, mas nenhum indício de irregularidade foi identificado.

O grupo mais radical não atuava de forma organizada, mas exigia uma ação mais enérgica do ex-presidente. Filipe Martins, ex-assessor internacional da Presidência, teria sido o responsável por redigir a minuta do golpe, um documento que propunha a prisão de ministros do STF, do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e de outras autoridades.

Segundo Cid, Bolsonaro não só viu o documento e fez ajustes, como apresentou a proposta aos comandantes militares. O Almirante Garnier demonstrou apoio à intervenção, mas condicionou a adesão do Exército. Já o Brigadeiro Baptista Júnior, da Aeronáutica, foi contra qualquer tentativa golpista, enquanto o General Freire Gomes manteve uma postura intermediária, sem endossar o plano.

A revelação de que Michelle Bolsonaro estava entre os defensores da ruptura democrática gerou forte repercussão e pode aprofundar as investigações sobre o envolvimento da ex-primeira-dama na tentativa de golpe.