Mídia de Trump processa Moraes nos EUA após denúncia contra Bolsonaro e gera crise diplomática

Um dia após a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, o grupo de mídia do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, entrou com uma ação contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, na Justiça da Flórida.

A Trump Media & Technology Group (TMTG), dona da Truth Social, junto com a plataforma Rumble, alegam que decisões do ministro buscam “censurar” as redes sociais e suspender contas de usuários. O CEO da Rumble, Chris Pavlovski, desafiou Moraes publicamente:

“Oi, Alexandre de Moraes, a Rumble não cumprirá suas ordens ilegais. Nos veremos no tribunal.”

A ação repercutiu entre aliados de Bolsonaro, que usam o caso para atacar o ministro e deslegitimar as investigações sobre tentativa de golpe no Brasil. O STF informou que não irá se manifestar sobre o processo.

Especialistas criticam ação e veem interferência política

Juristas classificam a iniciativa como descabida e uma afronta à soberania brasileira. O doutor em Direito Internacional Paulo Lugon afirmou que Moraes não pode ser processado nos EUA, pois suas decisões foram tomadas dentro da jurisdição brasileira.

“Isso revela uma estratégia coordenada para taxar o Brasil como um país que censura e pressionar os EUA a intervir.” — explicou.

Já o presidente do Conselho Diretivo da Aliança Brazil Office, James N. Green, vê a ação como uma manobra política para reforçar campanhas da extrema-direita no Brasil, especialmente em um momento em que Bolsonaro e 33 aliados enfrentam acusações formais.

Tentativas de deslegitimação da Justiça brasileira

Aliados do ex-presidente têm buscado apoio nos EUA para questionar as investigações sobre a tentativa de golpe. Parlamentares bolsonaristas chegaram a viajar para Washington para denunciar suposta censura nas redes sociais.

Essa não é a primeira vez que empresas de tecnologia americanas contestam decisões do STF. O bilionário Elon Musk, dono do X (antigo Twitter), também atacou o tribunal, resultando no bloqueio temporário da plataforma no Brasil.

Desde a chegada de Trump ao poder, gigantes da tecnologia, como a Meta, têm se alinhado a suas políticas, reforçando embates entre redes sociais e governos que buscam regular o ambiente digital.