O mundo amanheceu mais silencioso nesta segunda-feira, 21 de abril de 2025. Faleceu, aos 88 anos, o Papa Francisco — líder da Igreja Católica, símbolo de humildade e defensor incansável dos mais pobres e excluídos. O anúncio foi feito pelo cardeal Kevin Farrell, camerlengo da Santa Sé: “Com profunda dor, devo anunciar a morte do nosso Santo Padre Francisco. O Bispo de Roma voltou à casa do Pai.”
Jorge Mario Bergoglio, como foi batizado em Buenos Aires, na Argentina, entrou para a história ao ser eleito papa em 2013, tornando-se o primeiro pontífice latino-americano e também o primeiro jesuíta a ocupar o trono de São Pedro. Desde o início, conquistou o mundo com seu jeito simples, seu olhar afetuoso e sua coragem ao tratar temas delicados com empatia e verdade.
Nos últimos meses, Francisco enfrentava sérios problemas de saúde. Entre fevereiro e março deste ano, ficou mais de um mês internado por causa de uma pneumonia dupla. Ainda em recuperação, surpreendeu e emocionou o mundo ao aparecer, neste último Domingo de Páscoa (20), na sacada da Basílica de São Pedro, no Vaticano, para abençoar a multidão que o aguardava.
Com a voz mais forte desde sua hospitalização, disse com ternura: “Irmãos e irmãs, Feliz Páscoa!”. A multidão respondeu com aplausos, lágrimas e gritos de “Viva o Papa!”. Mesmo sem celebrar a Missa — delegada ao cardeal Angelo Comastri —, ele fez questão de aparecer na varanda e também andou pelo local em seu papamóvel, acenando com um sorriso cansado, mas sereno.
Francisco foi um papa do povo. Em sua primeira viagem internacional, ao Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude, brincou com o carinho dos fiéis brasileiros: “Vocês já têm um Deus brasileiro, queriam um papa brasileiro também?”.
Mas também foi firme ao denunciar injustiças, como quando afirmou: “É hipocrisia se dizer cristão e expulsar um refugiado ou alguém que busca ajuda, alguém que está com fome ou sede”, durante um encontro com fiéis alemães, em 2016.
Sua voz se fez ainda mais presente ao defender que “pessoas homossexuais têm o direito de ter uma família. São filhos de Deus e têm direito a uma família. Ninguém deve ser expulso ou se sentir miserável por isso”, conforme declarou em um documentário de 2020.
Também não poupou críticas ao sistema econômico que marginaliza: “O liberalismo desenfreado apenas torna os fortes mais fortes e os fracos mais fracos, e exclui os mais excluídos”, disse ao jornal La Repubblica ainda em 2013
Sobre o aborto, falou com contundência: “É legítimo, é correto, eliminar uma vida humana para resolver um problema? É correto contratar um assassino de aluguel para resolver um problema?”, questionou em entrevista à Reuters.
E com um toque de humanidade, reforçou a necessidade de responsabilidade familiar: “Alguns pensam que, para sermos bons católicos, temos que ser como coelhos. Mas não.”
O funeral de Papa Francisco será realizado na Basílica de Santa Maria Maior, como ele mesmo desejava: de forma simples. Com sua partida, começa o período conhecido como “Sede Vacante”, até a escolha de seu sucessor.
Francisco deixa um vazio no trono de São Pedro, mas um legado eterno no coração de milhões. Ele foi o papa que desceu do altar para caminhar entre o povo. Um pastor que ensinou, com palavras e gestos, que a verdadeira fé está no amor, na justiça, na escuta e no acolhimento. Sua última bênção, neste Domingo de Páscoa, ficará marcada como um gesto de despedida — e um sussurro de esperança para o mundo.