Jovem soldado denuncia tortura em quartel: Perdeu os movimentos das pernas e espera por tratamento

Um jovem de 19 anos denunciou que foi vítima de agressões físicas e psicológicas dentro de um quartel do Exército em Barueri, na Grande São Paulo, e afirma que perdeu os movimentos das pernas após o episódio.

Valdir de Oliveira Franco Filho contou que desde o dia 10 de março, quando ocorreu a agressão, tem sentido dores intensas, vomitado sangue e não consegue mais andar. Exames indicaram uma lesão chamada “sacralização de L5”, que pode ter sido causada por trauma físico. Segundo os médicos, com o tratamento adequado, ele ainda pode recuperar os movimentos.

O jovem relatou que tudo começou quando perdeu uma fivela do fardamento. Por conta disso, foi levado para uma sala escura e sem câmeras, onde teria sido obrigado a fazer flexões enquanto recebia chutes no peito. Mesmo com dores e sangramento, foi forçado a continuar os exercícios físicos e, à noite, trancado no quarto.

No dia seguinte, com mais sintomas, foi levado ao hospital de Barueri, mas não informaram seus familiares. Após retornar ao quartel, foi obrigado a jantar rapidamente, o que o levou a vomitar comida e sangue. Voltou ao hospital, onde foi orientado a repousar por três dias, mas o quartel ignorou a recomendação

Com o quadro se agravando, foi internado no Hospital Militar de Área de São Paulo, onde permaneceu por 18 dias. Mesmo já sem conseguir mexer as pernas, recebeu alta, sob o argumento de que poderia contrair infecções no hospital.

A denúncia foi registrada como maus-tratos na polícia. O advogado do jovem afirma que ele sofreu tortura e carrega sequelas permanentes.

Em nota, o Exército informou que Valdir apresentou mal-estar e foi atendido em hospitais militares e civis, e que desde então vem recebendo assistência médica. Também comunicou a abertura de uma sindicância para apurar os fatos, mas afirmou que até o momento não encontrou provas de crime dentro da unidade militar.

Valdir desabafou: “Desde criança, meu sonho era ser mecânico do Exército. Eles destruíram isso”. Ele também reclama da demora no atendimento prometido: “Disseram que um médico viria essa semana, mas até agora, nada. Isso mostra o descaso”.