Camila Arruda Braz, de 37 anos, foi presa em flagrante por matar o irmão Ramon Arruda Braz, de 47 anos, em Rio Branco. De acordo com familiares, os dois tinham uma convivência conturbada e essa não foi a primeira vez que Camila tentou tirar a vida do irmão.
Segundo uma parente que preferiu não se identificar, há cerca de dois anos Camila já havia atacado Ramon com um espremedor de alho de ferro, desferindo vários golpes na cabeça dele. Na ocasião, os dois estavam sozinhos em casa, mas familiares conseguiram chegar a tempo e socorrer Ramon, que foi levado para a UPA pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu).
A mesma parente revelou que, no domingo anterior ao crime, Camila teria dito para familiares que pretendia matar o irmão. Ela possui diagnóstico de transtorno de bipolaridade, já recebeu tratamento no Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac), mas, segundo a família, estava há algum tempo sem medicação e sem acompanhamento médico.
“No dia do crime, não houve discussão. Ele chegou, comeu e deitou no quarto para assistir TV. Ela o chamou para ajudar a arrumar um ventilador e, nesse momento, começou a atacá-lo. Antes disso, já havia trancado portas e janelas, dificultando qualquer chance de fuga ou ajuda“, contou a parente.
A filha de Camila, uma menina de 6 anos, estava na casa no momento do crime e presenciou toda a cena. Quando a Polícia Militar chegou, encontrou Camila ensanguentada no portão da residência, segurando a filha.
“Ela sempre discutia com todo mundo. Era uma mãe extremamente controladora, não deixava ninguém ver a criança. Tinha um comportamento difícil, brigava com todos“, relatou a parente.
No momento do crime, a mãe dos irmãos, de 64 anos, com quem ambos moravam, não estava em casa. De acordo com informações repassadas pela família, Camila usou uma faca e desferiu 37 golpes em Ramon. Doze dessas facadas atingiram diretamente o coração da vítima.
“Não sabemos onde ela começou a golpear, mas só no coração foram 12 facadas. Foram 37 no total. Mesmo que estivesse fora de si, foi algo premeditado. A família sente isso e é uma dor imensa“, afirmou.
Camila teria alegado à polícia que suspeitava que Ramon havia abusado da filha, mas os familiares negam a acusação e defendem a integridade de Ramon.
“Ramon, como qualquer um, tinha seus defeitos, mas sempre foi muito prestativo. Cresceu num lar com muitas mulheres, sempre demonstrou respeito, zelo e carinho. É doloroso ver tudo isso sendo deturpado nas redes sociais“, desabafou a parente.
A família afirma estar em choque com a tragédia. Apesar das brigas frequentes, nunca imaginaram que a situação pudesse chegar a esse ponto.
“Somos parentes dos dois. É difícil até encontrar palavras. Minha tia perdeu um filho e tem a filha presa. É muito doloroso. Neste momento, não conseguimos sequer pensar em perdoar. O foco agora é proteger a criança, que não tem culpa de nada“, acrescentou.
Segundo os relatos, a menina foi acolhida por vizinhos logo após o crime e demonstrava sinais de profundo abalo emocional.
“Ela só pedia para não ser deixada sozinha. Estava fora de si, com um olhar perdido. Foi acolhida por uma vizinha, que está em contato com a gente. Vamos buscá-la agora“, finalizou.
Camila deverá passar por audiência de custódia nesta quinta-feira, 5 de junho.