O mercado financeiro brasileiro registrou um dia de forte instabilidade nesta quarta-feira (9), após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar oficialmente uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados ao país norte-americano. Com isso, o dólar comercial fechou acima de R$ 5,50 e a bolsa de valores teve queda superior a 1%.
A decisão foi comunicada por meio de uma carta enviada diretamente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No documento, Trump informa que a nova tarifa entrará em vigor a partir de 1º de agosto e valerá para todas as mercadorias brasileiras que entrarem nos Estados Unidos.
Com o impacto da notícia, o dólar comercial fechou o dia vendido a R$ 5,503, com alta de R$ 0,058 (+1,06%). A moeda operava com leve valorização até o início da tarde, mas disparou após a divulgação da carta. Essa é a primeira vez que o dólar fecha acima de R$ 5,50 desde 25 de junho. No acumulado de julho, a moeda já subiu 1,26%, embora ainda registre queda de 10,97% em 2025.
A bolsa de valores também sentiu os efeitos do anúncio. O índice Ibovespa, principal indicador da B3, encerrou o dia com queda de 1,31%, aos 137.481 pontos. A maior parte das ações apresentou desempenho negativo. O volume de negociações foi mais baixo devido ao feriado de 9 de julho em São Paulo, o que reduziu a liquidez do mercado.
Na carta, o presidente dos Estados Unidos citou o ex-presidente Jair Bolsonaro, atualmente réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Trump também mencionou decisões do STF contra apoiadores de Bolsonaro que residem nos EUA como justificativa para a medida comercial.
O governo norte-americano alegou ainda que o Brasil estaria promovendo “ataques insidiosos contra eleições livres” e desrespeitando a liberdade de expressão de cidadãos norte-americanos.
Em resposta, o presidente Lula se reuniu no Palácio do Planalto com o vice-presidente Geraldo Alckmin e diversos ministros para discutir os próximos passos do governo diante da decisão dos Estados Unidos.
Apesar da tensão, os dados da balança comercial mostram que, no primeiro semestre de 2025, o Brasil importou dos Estados Unidos cerca de US$ 1,675 bilhão a mais do que exportou, resultando em superávit para os norte-americanos.