Justiça determina exame de insanidade mental para mulher acusada de matar o irmão com 37 facadas no Acre

A Justiça do Acre determinou que Camila Arruda Braz, de 37 anos, acusada de matar o próprio irmão, Ramon Arruda Braz, com 37 facadas, em Rio Branco, seja submetida a um exame de insanidade mental. O procedimento tem como objetivo avaliar se a acusada tinha plena consciência de seus atos no momento do crime, ocorrido em junho deste ano, no Conjunto Tucumã.

Com base no resultado do laudo psiquiátrico, a Justiça decidirá se Camila será ou não levada a júri popular. A decisão foi tomada após audiência de instrução realizada em 9 de setembro, na 1ª Vara do Tribunal do Júri da Comarca de Rio Branco. Durante a sessão, o juiz determinou a suspensão temporária do processo até a conclusão do incidente de insanidade mental, instaurado a pedido da Defensoria Pública do Estado (DPE-AC) e com concordância do Ministério Público (MP-AC).

A acusada continua presa preventivamente na Penitenciária Feminina de Rio Branco, já que, segundo a Justiça, não há novos elementos que justifiquem a revogação da prisão, considerando a gravidade do crime e o risco de reincidência.

Relembre o caso

O crime aconteceu em 3 de junho de 2025, dentro da casa onde Camila e Ramon moravam com a mãe, no Conjunto Tucumã. De acordo com a denúncia do Ministério Público, Camila trancou as portas e janelas da residência antes de chamar o irmão até o quarto, impedindo qualquer possibilidade de fuga ou socorro.

Ramon foi atingido por 37 golpes de faca, sendo 12 deles no coração. No momento do crime, a filha da acusada, de apenas 6 anos, presenciou toda a cena. A mãe dos irmãos, de 64 anos, não estava em casa.

A denúncia, aceita pela Justiça, classifica o caso como homicídio qualificado, cometido mediante traição, emboscada ou dissimulação, uma vez que Camila teria enganado o irmão e o surpreendido sem chance de defesa.

Histórico de saúde e conflitos familiares

Familiares relatam que Camila tinha diagnóstico de transtorno bipolar e chegou a realizar tratamento no Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac), mas estava sem acompanhamento médico e sem fazer uso da medicação há algum tempo.

Uma parente, que preferiu não se identificar, afirmou que Camila já havia tentado matar o irmão em outra ocasião. Os dois mantinham uma relação conturbada, marcada por discussões frequentes.

Durante o depoimento, Camila disse à polícia que suspeitava que o irmão havia abusado de sua filha, alegação que foi negada pelos familiares, que descreveram Ramon como um homem tranquilo e respeitador, criado em um ambiente familiar cercado de mulheres.