A comunidade do Papouco, em Rio Branco, passou por uma nova vistoria técnica nesta semana, realizada pela Prefeitura em parceria com a Defensoria Pública, Ministério Público e outros órgãos de fiscalização. Reconhecida há décadas pela instabilidade do solo, a área permanece classificada como de alto risco, situação que pode afetar cerca de 80 famílias residentes no local.
Segundo o coordenador da Defesa Civil Municipal, tenente-coronel Cláudio Falcão, a movimentação do terreno é um problema antigo — e em constante agravamento. Ele lembra que os primeiros sinais mais críticos foram registrados ainda na década de 1990.
“O que acontece ali no Papouco não é de agora. A situação começou a se agravar em 1998. São 27 anos de piora. A cada período de chuvas, os sedimentos vão sendo levados, e o terreno continua cedendo”, explicou.
Falcão ressalta que a área chegou a uma fase mais preocupante do processo erosivo. Os sedimentos mais leves, que antes se deslocavam gradualmente, já desapareceram da superfície.
“Os sedimentos menores praticamente já foram todos. Agora restam os maiores, e esse tipo de sedimento, quando se desprende, provoca deslizamentos súbitos. Se não houver obra estruturante ou remoção de famílias, podemos ter um acidente grave. Não há como negar isso”, alertou.
Até 80 famílias em risco
De acordo com o coordenador, todas as casas da comunidade estão expostas ao risco, ainda que em graus diferentes. “São aproximadamente 80 famílias. Todas convivem com algum nível de ameaça. Tem residência que pode ceder amanhã, e outra que pode levar um ano. Mas o risco existe. A terra se movimenta sempre que há fuga de sedimentos. São quase três décadas de agravamento”, afirmou.
O oficial também destacou improvisos comuns utilizados pelos moradores para tentar estabilizar as estruturas.
“Se você for lá, vai ver várias casas escoradas. O morador usa macaco hidráulico, levanta a casa, coloca um barrote e tenta equilibrar. A casa sobe, mas a terra continua se movendo. Hoje esse processo é lento, mas pode chegar um momento em que será súbito — e aí cai tudo de uma vez”, explicou.
Questionado sobre a possibilidade de colapso iminente, Falcão foi enfático: não é possível prever quando ocorrerá, mas há certeza de que o risco é real.
“As pessoas perguntam: ‘Coronel, se já tem 27 anos assim, vai cair tudo agora?’ Não é isso. O que digo é que vai chegar um momento. Não sabemos se em um ano, dois anos ou dois meses. Não há como prever. Mas sabemos que pode acontecer um acidente sério”, concluiu.